quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eleições e democracia

Não sabendo em quem votar? Crê realmente que temos opções nestas eleições?
Se você não acha que a participação política se limita a reclamar do governo de plantão e/ou dizer que os candidatos à disposição são todos iguais, dê uma olhada no debate sobre a reforma política.
www.reformapolitica.org.br/

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O medo

Há pouco estava refletindo sobre o por que de eu fazer esculturas. Gostar pareceu um pouco vago para os critérios do meu momento meditativo. Amanhã, tudo bem, mas para o agora recente não estava suficiente. Olhando algumas fotos pensava, tá e daí? Posso ter bons motivos para quase todas elas, mas A Culpa fugia um pouco da justificativa, mesmo do mero gostar. Digo em relação ao tema, gostar da culpa? Estranho!
Por estapafúrdia que seja, nessas horas eu preciso de uma explicação, uma linha de raciocínio mínima. No meu modo de ver, a culpa anda par e passo com o medo. Hum, pensei, o medo. Que raios das profundas é o medo afinal?
Antes de qualquer viagem, fui ao pai dos burros. Sempre há o que aprender, ou lembrar. Eis que algumas definições saltaram aos olhos, tais como: ansiedade irracional (uma derivação figurada para ansiedade é: desejo veemente [mas desejo é uma aspiração humana de preencher um sentimento de falta]). Logo, o medo é uma necessidade urgente e emotiva (irracional) de preencher um vazio. Hum, bom. O medo também é uma visão aterradora (aterrador - que ou o que aterra [aterrar - atirar por terra, derrubar]). Então é uma imagem que imobiliza. Por outro lado, o medo também se define por uma apreensão (assimilação ou compreensão do que é cognoscível [que pode ser conhecido], percepção). Assim, o medo pode ser uma forma de aprendizado, de entendimento, não necessariamente correto, diga-se de passagem. Além disso, o medo é desassossego (o oposto de repouso), portanto ação. Aí teríamos que considerar os níveis, um medo excessivo, imobiliza, um medo brando, estimula. Por fim, para um melhor entendimento, fui ao antônimo do medo, que é: coragem. Etimologicamente, coragem vem do francês coeur (coração). Interessante, pensei eu!
E a culpa? Causa de tudo isso. Culpa é falta, delito, erro. Também pecado, que se caracteriza por ação e omissão. Mas acima de tudo, culpa é a consciência da falta, do erro.
Empregando uma lógica mais aritmética, considerando que culpa é falta (a=b e b=a) e substituirmos na definição de desejo a falta por culpa, teremos que desejo = aspiração humana de preencher um sentimento de... culpa. Na religião a associação de desejo e culpa é reforçada e instituída, mas jamais compreendida. Quando desejamos, sentimos falta, mas não necessariamente entendemos esta falta. Quando tememos também sentimos falta. Nos dois casos há um desequilíbrio de necessidades, portanto um erro subjetivo. E da consciência desta situação nos vem a culpa, que pode ser própria ou de terceiros. Nosso século tem particular preferência por esta última.
Quando eu esculpi A Culpa, eu tinha uma noção de que os erros, quaisquer que sejam, não podem ser tão poderosos que nos façam esquivar uma situação. Na culpa, a consciência dos erros, não pode haver um medo aterrador, que nos imobilize. O medo deve ser apreensão, pois que nos permite perceber e conhecer com os erros. A culpa não como carrasco, mas como mestre. Que infla o coração, que ventila coragem para enfrentá-los. Aliás é o coração que nos permite amar, e é amando que manifestamos coragem.
Quando decidi esculpir a culpa, há quase 4 anos, lembro de ter escrito num caderno de notas algo assim: "Devemos amar nossos erros, para que não sejam inimigos que nos impeçam de acertar."
Ou algo assim.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

o fck das certezas

Alguma vez eu li que na psicologia há quem considere o estado de organização de um lar um reflexo do funcionamento da mente. Hoje eu estava ordenando minhas idéias com um balde, um rodo e um pano no piso de casa. Lá eu de novo com água e me ocorreu algo que julguei interessante.
Na construção civil existe no uso do concreto um índice para avaliar sua resistência à compressão, o fck. Este índice informa o quanto de força, dada em MPa (mega pascal) ou kgf (quilograma força) o concreto resiste em cada cm². Há concretos de 12, 18, 20, 30MPa ou , respectivamente 120, 180, 200, 300kgf/cm². E sei lá por que caminhos neuronais tortuosos minhas sinapses circularam, mas associei isso às certezas, digo, opiniões sobre várias coisas. Pensei que as nossas certezas talvez tenham um índice equivalente de resistência. Fui enumerando tipos de certeza resistentes e outras menos. Não levei meses de pensamento elaborado, sequer horas, fiquem à vontade para apontar os furos.
Consegui imaginar dois grupos dominantes de certezas, evidentemente com gradações que não me dei ao trabalho de considerar. Há as certezas positivas e as negativas. Reparei que as positivas tem um fck, vou chamar de IC, predominantemente baixo, ao passo que as certezas negativas tem um IC elevado. Em geral, é mais fácil as pessoas conviverem com certezas negativas, do que positivas. Algumas: "eu não vou conseguir", "não sou capaz", "não é pra mim", "vai dar merda", "ela não me ama", "minorias são sacanas" etc. Considerem o oposto e talvez concordem que há algum fundamento nisso.
Mas por que isso?
Hipótese: Genericamente, as certezas negativas vivem de inércia, não exigem esforço para serem alteradas, sua energia é desagregante, portano entrópicas. Tô me repetindo? Não exatamente eu, certo?
Por outro lado, as certezas positivas necessitam de constante aplicação de energia para se manterem. Dá trabalho sustentá-las.
Acho que eu descobri um sistema filosófico, o Entropismo, porém não é um sistema a se aderir, mas a ser combatido. O anti-entropismo é a nova bandeira política e ideológica, mas totalmente fadada ao fracasso. Maravilha, uma causa perdida!!! Nada mais romântico do que uma causa perdida.
Bom, voltando à metáfora do concreto, se hipoteticamente fosse necessário utilizar um concreto de fck baixo para uma aplicação que exigisse outro de fck maior, mas não houvesse alternativa, a solução seria aumentar o volume e a massa do concreto com fck baixo. Como E=MC², mais massa é mais energia. c.q.d.
Ótimo dia!

P.S.: Se de fato à ordenação da casa corresponder o estado do pensamento, já imaginaram a zorra que não era a casa do Kant? ou do Hegel? Putz!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cores

Nighthawks (Notívagos), 1942 - Edward Hooper.

Do que faz um ser humano brilhar

Certa feita estava eu fazendo considerações filosóficas de ordem superior, quer dizer, pensava enquanto escovava os dentes.
[pausa para raciocínio divergente]
Falava outro dia com minha amiga e coblogueira Lila a respeito do pensamento criativo e dizia que, para mim, ter idéias e pensar com clareza está associado à água. Eu nado e tenho ótimas idéias quando estou na piscina. Também tomo banho e o chuveiro como que lava meus pensamentos. É freqüente eu travar com alguma idéia, seja linguística, seja imagética e nesse ponto eu parar e ir tomar um banho. Sei lá, em algo como 7 em 10 banhos eu consigo sair, além de limpo, com alguma boa idéia para um determinado problema. E além disso eu também escovo os dentes. Este envolvimento é particularmente menos eficaz, menos água, menos boas idéias. Em todo o caso, às vezes resulta, por mais que pareça estranho à Lila.
[fim do raciocínio divergente]
Enfim, escovava os dentes e estava pensando a respeito do poder de manifestar-se no mundo de cada indivíduo. Havia lido em algum lugar algumas palavras do Mandela que dizia que os seres humanos mais se esforçam para conter seu brilho do que propriamente para manifestá-lo, ou algo assim. Na opinião dele por medo.
Do modo que vejo, o Universo vai apagar tudo e todos, ninguém precisa colaborar com ele, apagando seu próprio brilho. E eis que ontem eu me deparei com a seguinte pergunta: "O que você faria da sua vida se não tivesse a chance de fracassar?"
A realidade como a percebemos é composta em sua maior parte (cores, formas, odores) de reações à presença da luz. Então, quanto mais espontâneas, mais honestas e menos medrosas forem as pessoas, mais brilhantes elas serão, portanto, mais reais. O contrário camufla e falsifica a realidade, alguma coisa como a "Cidade das sombras" (Dark city, EUA, 1998).
Isso lembra um pouco a lógica do queijo suíço*, mas tudo bem.

*O queijo suíço está repleto de vazios, assim, quanto mais queijo, mais vazios, portanto, quanto mais queijo, menos queijo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

No princípio eram as trevas... no meio e no fim também

Toda e qualquer coisa relevante e irrelevante no Universo é fluxo energético. Conversão de energia em um estado para outro, com conseqüente desagregação energética ou, em outras palavras, diluição termodinâmica. O processo, no limite, fará do Universo um enorme espaço contendo matéria fria e inerte amplamente dispersa. A energia não estará perdida, mas acumulada em pacotes infinitesimais em cada elemento espalhado por bilhões e bilhões de anos-luz Universo afora. Não há enconomia possível! Não é um processo reversível! Não há esperanças quanto a isso, conforme-se!


A este declínio da organização da energia dá-se o nome de ENTROPIA.

No entanto, a vida é uma luta contra a Entropia, seres vivos são arranjos extremamente complexos de energia. A complexidade orgânica, os mecanismos de planejamento e ação que são mentes e corpos exigem impressionantes gastos energéticos. Quem duvida que vá até sua cozinha, pegue um copo e o solte no chão. A Entropia está a seu favor, a matéria se desorganiza. A energia acumulada no copo (potencial) se desfaz em ruído e movimento, é energia que se desagrega, que se dispersa. Agora, faça o caminho inverso, reorganize este copo, adicione energia a ele e o faça íntegro como antes. Compreende?

Diariamente lutamos contra a Entropia, arrumando a cama, lavando a louça, nos alimentando, fazendo a manutenção do carro, trocando a lâmpada, fraldas, juntando letras e concentrando idéias em blogs etc. Todo dia os vivos se levantam perfilam-se diante da Entropia e dizem "No pasarán!" E todo o dia ela passa!

A poeira se acumula, o pneu murcha, as rugas se aprofundam e os copos se quebram.

Ainda assim, tão mais certo se saiba que o Universo vai se apagar, mais intensamente algumas estrelas se fazem brilhar.
Messier 1, ou NGC 1952, ou ainda Nebulosa do Caranguejo, resultado de uma super nova, uma estrela imensa que realmente lutou contra a Entropia.