segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cronológicas

A relatividade geral de Einstein descreve uma relação muito íntima entre o tempo e o espaço. A velocidade das coisas (matéria) no espaço tem a propriedade de distorcer o tempo. Mais velocidade, menos tempo; menos velocidade, mais tempo. Os extremos seriam: velocidade da luz x tempo 0 e imobilidade x tempo total. Sugiro o delicioso livro de Paul Anderson, Tau zero para ajudar a ilustrar o conceito.
Enfim, do que entendo, a chave está no movimento através do espaço. De certo modo, isso é um conceito intuitivo entre os seres vivos. Quem já não ouviu algo na linha "Pare e pense no que está fazendo!"
Quer dizer, parando completamente seria como se tivéssemos à disposição todo o tempo possível, tudo acontecendo num só instante.
Alguém poderá argumentar: "Ah, mas se eu ficar completamente parado na poltrona de casa, o tempo não vai se acelerar". Em primeiro lugar, eu diria, não seja tão egocêntrico e tolinho, certo? Ainda assim, haveria o sangue a correr nas veias e artérias, o coração a bater, o movimento das outras pessoas. Mais significativo ainda, a rotação da Terra, sua translação ao redor do Sol, a translação do Sol na Via Láctea, o deslocamento da Galáxia no espaço, indo sabe-se lá pra onde. Ou seja, não temos dentro das miseráveis condições humanas como distorcer o tempo de forma significativa.
Isto me veio à mente por que sempre ouço e às vezes eu mesmo reclamo de como o tempo nos falta, como tudo passa rápido e já são seis da tarde, e já é quinta feira, e já é novembro etc. Não sei de outra época em que se corra tanto com os afazeres do dia a dia como nos nossos tempos modernos. Nos movimentamos freneticamente, muitas demandas, prazos, interesses. Era de se supor que o tempo deveria se alongar, tornar-se perceptivelmente mais lento. E ocorre justamente o oposto.
Fisicamente o corpo humano não pode fazer grande diferença nesta equação. Não importa quanto a admirável criatura corredora tenha que se desdobrar para cumprir suas tarefas. No entanto, a mente talvez consiga. Se a percepção do tempo está mais acelerada, algo mais deve estar se imobilizando. E suponho que haja uma grande chance de ser a mente. Penso que a mente, ao perder sua mobilidade, compense o efeito comprimindo o tempo, fazendo-o passar mais rapidamente. Mentes embotadas, sem criatividade, sem estímulo, presas a vertiginosas rotinas engessantes podem estar manifestando sua cadeia pela percepção de uma temporalidade mais acelerada.
Lembro-me quando criança que as horas se arrastavam, mas também lembro que minha mente deslocava-se e transpunha distâncias hoje para mim inimagináveis.

Suponho que, de alguma forma, este taxista tenha conhecimento de como condensar ou distender o tempo.