sábado, 8 de outubro de 2011

Isolando o X na equação

As pessoas, em geral, gostam tanto de falar sobre como estão extremamente ocupadas com trabalho e afazeres, quanto gostam de reclamar disso. Falar de terceiros e se ocupar da vida alheia entra nesta mesma categoria. Toma-se um tempo enorme nessa atividade e, de regra, para reclamar e desdizer.
Não digo isso do alto da minha perfeição, apontando para baixo "as pessoas". Eu sou uma delas, parece um atavismo.
Esforço-me para agir diferente. Criar novos hábitos. Meu caminho para isso é sempre prestar atenção mais em mim. Evitar julgar os outros e não me avaliar em relação aos demais. Isto é difícil, aliás, separar o X na equação é sempre um problema.


O mais fácil é olhar como vai o vizinho, se estiver parecido tá bom, tô na média, então devo estar certo. Certo?  Lembro de ter tomando uma bomba numa prova de geometria descritiva, putz, me senti muito mal. Mas fiquei bem melhor quando vi que 90% da minha turma tinha ido tão mal ou pior. Que alegria, eu estava na média. Salvação!
O horror!!!
A média é um estado de conforto, é o morno, o insosso, dá pro gasto. O esforço maior é o de olhar para os lados e checar se estão todos lá, quantos mais houver, mais "correto" o sujeito na vida. É por isso que quando alguém põe a cabeça pra cima, logo leva um pé d'ouvido pra desancar as idéias e parar com essa bestagem. Fica perturbando o estado de conforto da média. Que azucrinação!!!
Essa lógica é tão estúpida quanto preguiçosa. Aliás, todo preconceituoso é preguiçoso, sem exceção.
Dá um trabalho danado se observar, se entender, se aceitar e criar critérios de avaliação aplicáveis sobre si mesmo. Deve ser sempre eu em relação a mim. E ponto. Hoje essa é a minha utopia. Ser assim e que cada um seja assim sobre si.
Pensar sobre si e assumir o comando da própria vida, reivindicar a responsabilidade de ser quem se é, é tão extenuante, complicado e demorado, que as pessoas preferem se afundar em trabalho e atividades diversas, geralmente ditados por outros, o chefe que quer o relatório pra ontem, a filha que é preciso pegar no colégio, o personal que cobra 200 abdominais e ainda tem o pentelho do vizinho que toca guitarra, a Gertrudes que a cada noite sai com um cara diferente etc, etc, etc. No final serão sempre os outros a criar os eventos e dar o padrão médio a ser seguido àqueles que tem preguiça de liderar a própria vida de modo autônomo, livre e original.

3 comentários:

  1. Bingo! O 5º e o 6º Cavaleiros do Apocalipse devem ser a 'média' e a certeza de que você não pode fazer diferente – ou porque 'os outros não deixam', ou porque seria uma tragédia ou porque é infinitamente difícil, desumano e 'você não faz ideia'. =) Como se fosse o neoliberalismo aplicado à vida, né? Vai que os mercados quebram? Melhor é achar um passatempo e largar mão dessas ideias.

    Só uma dúvida: é gata a mina Gertrudes?

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